sábado, 30 de junho de 2012

O Desorganizado

Vídeo muito legal, que conta a vida detalhada de uma pessoa que não faz o seu planejamento.
http://www.youtube.com/watch?v=bW-HwQghZy0&feature=fvwrel

Slides- Planejamento no Ensino Superior

Bom Dia! Vejam estes slides que postamos, eles são muito interessantes e informam sobre as etapas de um bom planejamento.
http://www.slideshare.net/mestradoUNIT/planejamento-ensino-superior

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS AULAS PARA ORGANIZAÇAO DO TRABALHO DO PROFESSOR EM SUA PRÁTICA DOCENTE

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS
AULAS PARA ORGANIZAÇAO DO TRABALHO DO
PROFESSOR EM SUA PRÁTICA DOCENTE
Patricia Aparecida Pereira Penkal de Castro1
Cristiane Costa Tucunduva2
Elaine Mandelli Arns3
1 Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade, pós-graduada em Gestão Empreendedora de Instituição de Ensino - Orientação e Supervisão Escolar, atualmente coordenadora pedagógica em uma escola da rede particular de ensino.
2 Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade, pós-graduada em Gestão
Empreendedora de Instituição de Ensino - Orientação e Supervisão Escolar.
3 Mestre em Engenharia da Produção – Mídia e Conhecimento – UFSC, professora dos cursos de Pedagogia e Letras da FACEL – Curitiba – PR
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar se o plano de aula é realmente importante na organização do trabalho pedagógico do professor. O planejamento começou a ser utilizado pelas empresas para dar-lhes um novo significado em suas organizações e o mesmo aconteceu com as escolas, embora a princípio o planejamento não tenha sido recebido como um facilitador e sim um regulador das ações pedagógicas em virtude do regime vigente na época. Atualmente isto não acontece, o planejamento é utilizado para organizar a ação educativa uma vez que permite que se levante o questionamento do tipo de cidadão que se pretende formar, deixando, assim, de ser um simples regulador para se tornar ato político-filosófico, científico e técnico. É um
trabalho presente que prepara para o futuro visando à transformação da sociedade. Palavras-chave: Planejamento; Ação Educativa; Organização. 50 ATHENA • Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008
ABSTRAT
This paper to analyze if the plan lesson is important in the pedagogical organization of teacher’s work. The planning began to be used by companies to give them a new meaning in their organizations and the same happened with the schools, although in principle the planning has not been received as a facilitator, but a regulator of pedagogical actions under the current regime in season. Currently this does not happen, the planning is used to organize the educational activity because it allows that the question raises the kind of citizen who wishes to form, leaving to be a single regulator to become a political act-philosophical, scientific and technical. It is this work that prepares for the future to the transformation of society. Key words: Action Planning; Educational Action; Organization. ATHENA • Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008 51
1. INTRODUÇÃO
O ato de planejar acompanha o homem desde os primórdios da evolução humana. Todas as pessoas planejam suas ações desde as mais simples até as mais complexas, na tentativa de transformar e melhorar suas vidas ou as das pessoas que as rodeiam. Mas não é só na vida pessoal que as pessoas planejam suas ações, o planejamento atinge vários setores da vida social. Se o ato de planejar é tão importante, porque algumas pessoas ainda resistem em aceitar este fato, principalmente no contexto escolar? Diante desse questionamento objetivou-se identificar os motivos pelos quais os professores resistem em preparar suas aulas e conscientizá-los da importância de utilizar o plano de aula como um norteador da ação pedagógica. Para tanto, faz-se necessário realizar uma breve retrospectiva histórica sobre o surgimento do planejamento e sua utilização nos diversos setores da sociedade. Outro aspecto importante a ser abordado foi com relação às diversas tipologias utilizadas no cotidiano escolar e suas diferenças, pois apesar destes conceitos serem utilizados como sinônimos eles não o são e faz-se necessário que o professor compreenda essas diferenças para poder utilizá-las. Em seguida, realizou-se uma análise com relação ao planejamento enquanto ato político-social, político-filosófico, técnico e científico. Outro aspecto abordado neste artigo relaciona-se com as principais etapas para a elaboração do plano de aula.
2. HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO
“O planejar é uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na sua vida.” (Mengolla, San’tAnna, 2001, p.15). Segundo Moretto, percebe-se que o planejamento é fundamental na vida do homem, porém no contexto escolar ele não tem tanta importância assim: (2007, p.100) “o planejamento no contexto escolar não parece ter a importância que deveria ter”. Este fato acontece porque o planejamento só passou a ser bem definido a partir do século passado, com a revolução comunista que construiu a União Soviética. Revolução Comunista: é uma revolução proletária inspirada pelas ideias do Marxismo que objetiva substituir o capitalismo pelo comunismo, tipicamente através de um estado socialista (no qual o governo é contra os meios de produção). (WIKIPÉDIA, 2008)
No mundo capitalista, segundo Gandin (2008), o planejamento passa a ser utilizado pelo governo, após a segunda guerra mundial , para a resolução de questões mais complexas. A adoção do planejamento pelo governo teve uma adesão tão grande que as outras instituições sentiram-se motivadas e passaram a se preocupar com a importância do planejamento, uma vez que ele visava a suprir as necessidades de um comércio em ascensão que exigia uma nova organização. Com isso pode-se dizer que foi a partir desta época que o planejamento se universalizou.
Na educação esta realidade também não poderia ter sido diferente, uma vez que, segundo Kuenzer (2003, p. 13) “o planejamento de educação também é estabelecido a partir das regras e relações da produção capitalista, herdando, portanto, as formas, os fins, as capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do Estado.”
Aqui no Brasil, Padilha (2003, p.29) explica que “Durante o regime autoritário (1964-1985), eles foram utilizados com um sentido autocrático. Toda decisão política era centralizada e justificada tecnicamente por tecnocratas à sombra do poder.” Kuenzer (2003, p.36) complementa a citação acima explicando que “A ideologia do Planejamento então oferecida a todos, no entanto, escondia essas determinações político-econômicas mais abrangentes e decididas em restritos centros de poder.”
O regime autoritário fez com que muitos educadores criassem uma resistência com relação à elaboração de planos, uma vez que esses planos eram supervisionados ou elaborados por técnicos que delimitavam o que professor deveria ensinar, priorizando as necessidades do regime político. “Num regime político de contenção, o planejamento passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle e ordenamento de todo o sistema educativo.” (Kuenzer 2003, p. 41).
Apesar de se ter claro a importância do planejamento na formação, Fusari (2008, p.48) explica que: “Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implantava a repressão, impedindo rapidamente que um trabalho mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre educação e sociedade pudessem ser problematizadas, fosse vivenciadas pelos educadores, criando, assim, um “terreno” propício para o avanço daquela que foi denominada “tendência tecnicista” da educação escolar.”
Danilo Gandin: professor, escritor e conferencista. Mestre em Educação, especializado em Planejamento Participativo.
Segunda Guerra Mundial: conflito entre os Aliados (liderados por França e, a partir de 1941, Estados Unidos e a União Soviética) e o Eixo ( Alemanha, Itália e Japão), no período de 1939 a 1945. Tendo como fatores que contribuíram para a Guerra a vacilante política de apaziguamento levada a cabo pela Grã-Bretanha e a França; o isolacionismo dos Estados Unidos; as ambições imperialistas japonesas e principalmente as ambições desmedidas de Hitler.
Regime autoritário: regime político em que é postulado o princípio da autoridade. Também pode ser definido como um comportamento em que uma instituição ou pessoa se excede no exercício da autoridade de que lhe foi investida. (Wikipédia, 2008)
Mas não se pode pensar que o regime político era o único fator que influenciava no pensamento com relação à elaboração dos planos de aulas; as teorias da administração também refletiam no ato de planejar do professor, uma vez que essas teorias traziam conceitos que iriam auxiliar na definição do tipo de organização educacional que seria adotado por uma determinada instituição.
No início da história da humanidade, o planejamento era utilizado sem que as pessoas percebessem sua importância, porém com a evolução da vida humana, principalmente no setor industrial e comercial, houve a necessidade adaptá-lo para os diversos setores. Nas escolas ele também era muito utilizado; a princípio, o planejamento era uma maneira de controlar a ação dos professores de modo a não interferir no regime político da época. Hoje o planejamento já não tem a função reguladora dentro das escolas, ele serve como uma ferramenta importantíssima para organizar e subsidiar o trabalho do professor, assunto este que será abordado mais detalhadamente nos próximos capítulos desta pesquisa.
3. PLANEJAMENTO, PLANO(S), PROJETO(S) – COMPREENSÃO NECESSÁRIA
“Hoje vivemos a segunda grande onda do planejamento. A primeira entra em crise na década de 70. A década de 80, embora, na prática, se apresente como uma grande resistência ao planejamento, contém os mais efetivos anos em termos da compreensão da necessidade, do estudo, do esclarecimento e da confirmação desta ferramenta.” (Gandin, 2008, p.05)
A citação demonstra a dimensão da necessidade de se compreender a importância do ato de planejar, não apenas no nosso dia-a-dia, mas principalmente, no dia-a-dia de sala de aula. Para Moretto (2007), planejar é organizar ações. Essa é uma definição simples mas que mostra uma dimensão da importância do ato de planejar, uma vez que o planejamento deve existir para facilitar o trabalho tanto do professor como do aluno.
O planejamento deve ser uma organização das ideias e informações. Gandin (2008, p.01) sugere que se pense no planejamento como uma ferramenta para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser utilizado para a organização na tomada de decisões e para melhor entender isto precisa-se compreender alguns conceitos, tais como: planejar, planejamento e planos que segundo Menegolla & Sant’Anna (2001, p.38) “são palavras sofisticadamente pedagógicas e que “rolam” de boca em boca, no dia-a-dia da vida escolar.” Porém, para Padilha (2003, p. 29),  estes termos têm sido compreendidos de muitas maneiras. Dentre elas destaca-se:
3.1 Planejamento:
“É um instrumento direcional de todo o processo educacional, pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina todos os recursos e meios necessários para a consecução de grandes finalidades, metas e objetivos da educação.” (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.40)
3.2 Plano Nacional de Educação:
“Nele se reflete a política educacional de um povo, num determinado momento histórico do país. É o de maior abrangência porque interfere nos planejamentos feitos no nível nacional, estadual e municipal.” (MEC, 2006, p. 31)
3.3 Plano de Curso:
“O plano de curso é a sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser anual ou semestral, dependendo da modalidade em que a disciplina é oferecida.” (VASCONCELLOS, 1995, p.117 in Padilha, 2003, p.41)
3.4 Plano de Aula:
“É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia letivo. (...) É a sistematização de todas as atividades que se desenvolvem no período de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino-aprendizagem.” (PILETTI, 2001, p.73)
3.5 Plano de Ensino:
“É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente para um ano ou um semestre; é um documento mais elaborado, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico.” (LIBÂNEO, 1994, p.222)
3.6 Projeto Político Pedagógico:
“É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É um processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do trabalho pedagógico.” (MEC, 2006, p.42)
Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para o professor a importância, a funcionalidade e principalmente a relação íntima existente entre essas tipologias. Segundo Fusari (2008, p.45), “Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho, os termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes não o são.” Outro aspecto importante, segundo Schmitz (2000, p.108) é que “as denominações variam muito. Basta que fique claro o que se entende por cada um desses planos e como se caracterizam.” O que se faz necessário é estar consciente que: “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especialmente a educação escolar, uma atividade sistemática, uma organização da situação de aprendizagem, ela necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se pode improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível.” (SCHMITZ, 2000, p.101)
4. PROFESSOR X PLANO DE AULA: INIMIGOS OU ALIADOS?
“A educação, a escola e o ensino são os grandes meios que o homem busca para poder realizar o seu projeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores o dever de planejar a sua ação educativa para construir o seu bem viver. (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.11)
A citação acima deixa clara a importância tanto da escola como dos professores na formação humana; por este motivo todas as ações educativas devem ter como perspectiva a construção de uma sociedade consciente de seus direitos e obrigações, sejam eles individuais ou coletivos. Infelizmente, apesar do planejamento da ação educativa ser de suma importância, existem professores que são negligentes na sua prática educativa, improvisando suas atividades. Em consequência, não conseguem alcançar os objetivos quanto à formação do cidadão.
 “A ausência de um processo de planejamento de ensino nas escolas, aliado às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes do seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação pedagógica das aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma “regra”, prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.” (FUSARI, 2008, p.47) Para Moretto (2007, p.100) “Há, ainda, quem pense que sua experiência como professor seja suficiente para ministrar suas aulas com competência.” Professores com este tipo de pensamento desconhecem a função do planejamento bem como sua importância. Simplesmente estão preocupados em ministrar conteúdos, desconsiderando a realidade e a herança cultural existente em cada comunidade escolar bem como suas necessidades.
Outro aspecto que vem influenciando o ato de planejar dos professores são os materiais didáticos ou as instruções metodológicas para os professores que acompanham estes materiais. Na presente pesquisa não se pretende discutir se eles são bons ou ruins e sim a forma com a qual estão sendo utilizados pelos professores. O que acontece é que o professor faz um apanhado geral dos conteúdos dispostos no material e confronta com o tempo que tem disponível para ensinar esses conteúdos aos alunos e a partir desses dados divide-os atribuindo a este ato erroneamente o nome de plano de aula.
“Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu planejamento pela escolha de um livro didático. Infelizmente, quando isso acontece, na maioria das vezes, esses professores acabam se tornando simples administradores do livro escolhido.
Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade de seus alunos para seguir o que o autor do livro considerou como mais indicado” (MEC, 2006, p. 40) Outra situação muito comum em relação à elaboração do plano de aula é que “em muitos casos, os professores copiam ou fazem cópia do plano do ano anterior e o entregam a secretaria da escola, com a sensação de mais uma atividade burocrática” (FUSARI, 2008, p. 45).
Luckesi (2001, p.106) afirma que o ato de planejar, em nosso país, principalmente na educação, tem sido considerada como uma atividade sem significado, ou seja, os professores estão muito preocupados com os roteiros bem elaborados e esquecem do aperfeiçoamento do ato político do planejamento. Os professores precisam quebrar o paradigma de que o planejamento é um ato simplesmente técnico e passar a se questionarem sobre o tipo de cidadão que pré ATHENA tendem formar, analisando a sociedade na qual ele está inserido, bem como suas necessidades para se tornar atuante nesta sociedade. Para Luckesi (2001, p.108): “O planejamento não será nem exclusivamente um ato político- filosófico, nem exclusivamente um ato técnico; será sim um ato ao mesmo tempo político-social, científico e técnico: político-social, na medida em que está comprometido com as finalidades sociais e políticas; científicas na medida em que não pode planejar sem um conhecimento da realidade; técnico, na medida em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter resultados.” O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico em detrimento do lado político- social ou vice-versa, ambos são importantes. Por este motivo, devem ser muito bem pensados ao serem formulados visando à transformação da sociedade.
5. PLANO DE AULA: DO SENSO COMUM À CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA
Considerando que o planejamento deve ser pensado como um ato político- -social, não se pode conceber que o professor não realize o mínimo de planejamento necessário para seus alunos, afinal, o planejamento, no processo educativo, segundo Menegolla & Sant’Anna (2001, p.24), não deve ser visto como regulador das ações humanas, ou seja, um limitador das ações tanto pessoais como sociais, e sim ser visto e planejado no intuito de nortear o ser humano na busca da autonomia, na tomada de decisões, na resolução de problemas e principalmente na capacidade de escolher seus caminhos. “Essencialmente, educar/ensinar é um ato político. Entendamos bem essa proposição: a essência política do ato pedagógico orienta a práxis do educador quanto aos objetivos a serem atingidos, aos conteúdos a serem transmitidos e aos procedimentos a serem utilizados, quando do trabalho junto a um determinado grupo de alunos.” (SILVA, EZEQUIEL, 1991, p.42 in Hypolitto 2008, p. 6) Menegolla & Sant’Anna (2001) ainda completam argumentando que o plano das aulas visa à liberdade de ação e não pode ser planejado somente pelo bom senso, sem bases científicas que norteiem o professor. Segundo Gutenberg (2008, p. 21) essa base científica utilizada para organizar o trabalho pedagógico são os pilares e princípios da Educação, anunciados e exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) (MEC, 2008); por este motivo faz-se necessário conhecêlos e compreendê-los muito bem.
 “Todo mestre precisa entender que esse conjunto de regras, embora pareça muito burocrático e teórico para uns, ou mesmo inútil para outros, trata-se de uma tentativa clara para que os alunos aprendam e apreendam o que for necessário durante o período escolar.” (GUTENBERG, 2008, p. 21) Partindo do princípio de que o professor deve ensinar os conteúdos e também formar o aluno para que ele se torne atuante na sociedade, ele deve organizar seu plano de aula de modo que o aluno possa perceber a importância do que está sendo ensinado, seja num contexto histórico, para o seu dia-a dia ou para seu futuro. É claro que integrar estes dois aspectos, senso comum e consciência filosófica, nem sempre é tão fácil. Para que isso aconteça faz-se necessário muito empenho por parte do professor.
“(...) um mínimo de intimidade com a realidade concreta das escolas é necessário à formação do educador. Sem isso, abre-se a possibilidade de improvisação ou, o que é pior, de experimentação para ver se “dá certo” em termos do encaminhamento do ensino. Até que o professor se situe criticamente no contexto de sala de aula, os alunos passam a ser cobaias desse profissional.” (SILVA, EZEQUIEL, 1991, p. 71 in Hypolitto, 2008, p. 6) Menegolla & Sant’Anna (2001, p. 45) explicam que o planejamento também serve para desenvolver tanto nos professores como nos alunos uma ação eficaz de ensino e aprendizagem, uma vez que ambos são atuantes em sala de aula. Porém é de responsabilidade do professor elaborar o plano de aula, pois é ele quem conhece as reais aspirações de cada turma.
“O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si. (...) faz parte da competência teórica do professor, e dos compromissos com a democratização do ensino, a tarefa cotidiana de preparar suas aulas (...)” (FUSARI, 2008, p.47) Moretto (2007, p. 101) acredita que o professor, ao elaborar o plano de aula, deve considerar alguns componentes fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade enquanto professor, conhecer seus alunos (características psicossociais e cognitivas), conhecer a epistemologia e a metodologia mais adequada às características das disciplinas, conhecer o contexto social de seus alunos. Conhecer todos os componentes acima possibilita ao professor escolher as estratégias que melhor se encaixam nas características citadas aumentando as chances de se obter sucesso nas aulas.
Outro grupo que deve estar atento à importância de se elaborar planos de aula são os professores em início de carreira, pois, para Schmitz (2000, p. 104), esses profissionais iniciando sua carreira no magistério adquirem confiança para dar aula, uma vez que, no plano de aula, é possível esclarecer os objetivos da mesma, sistematizar as atividades e facilitar seu acompanhamento.
Mediante todos os fatos pesquisados até agora, não se discute a necessidade e a importância de se elaborar o plano de aula, porém, segundo Schmitz (2000, p. 104), ele não precisa ser descrito minuciosamente, mas deve ser estruturado, escrito ou mentalmente. “Trata-se de fazer uma organização mental e uma tomada de consciência do que o professor de fato pretende fazer e alcançar. Se tiver esse planejamento presente, evitará ser colhido de surpresa por acontecimentos imprevistos. A sua criatividade, a sua intuição, torna-se mais aguçada e com mais facilidade percebe novas oportunidades.”
Alguns autores sugerem que o planejamento tenha algumas etapas principais  pois serão estas etapas que darão uma visão do que é necessário e conveniente ao professor e aos alunos. São elas:
5.1 Objetivos:
“Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz como consequência de seu desempenho em atividades de uma determinada escola, série, disciplina ou mesmo uma aula.” MASETTO (1997 in Macetto, Costa, Barros, 2008, p. 3)
5.2 Conteúdo:
“É um conjunto de assuntos que serão estudados durante o curso em cada disciplina. Assuntos que fazem parte do acervo cultural da humanidade traduzida em linguagem escolar para facilitar sua apropriação pelos estudantes. Estes assuntos são selecionados e organizados a partir da definição dos objetivos, sendo assim meios para que os alunos atinjam os objetivos de ensino.” (MACETTO, COSTA, BARROS, 2008, p. 3)
5.3 Metodologia:
“Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos, técnicas e modalidades de ensino, selecionados com o propósito de facilitar a aprendizagem. São, propriamente, os diversos modos de organizar as condições externas mais adequadas à promoção da aprendizagem.” (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.90)
5.4 Avaliação:
“Na verdade, a avaliação acompanha todo o processo de aprendizagem e não só um momento privilegiado (o de prova ou teste) pois é um instrumento de feedback contínuo para o educando e para todos os participantes. Nesse sentido, fala da consecução ou não dos objetivos da aprendizagem. (...) O processo de avaliação se coloca como uma situação frequentemente carregada de ameaça, pressão ou terror.” (MASETTO, 1997, p. 98 in Macetto, Costa, Barros, 2008, p. 4) A partir das definições das principais etapas que devem conter um planejamento, o professor já tem condições necessárias para fazê lo e utilizá-lo adequadamente. Vale lembrar, porém, que segundo Menegolla & Sant’anna (2001, p. 46), não existe um modelo único de planejamento e sim vários esquemas e modelos. Também não existe um modelo melhor do que o outro, cabe ao professor escolher aquele que melhor atenda suas necessidades bem como as de seus alunos, que seja funcional e de bons resultados.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal ao estudar o tema “A importância do planejamento para a organização do trabalho do professor em sua prática pedagógica” era analisar se o plano de aula é realmente importante ou apenas uma questão burocrática exigida pelas escolas para aumentar o trabalho do professor. Para tanto foi preciso compreender o contexto histórico do planejamento na vida das pessoas, sua influência e importância ao longo da evolução humana, desde a sua utilização de forma inconsciente nos primórdios, até os dias atuais no qual o planejamento é utilizado para nortear um caminho a ser percorrido para se atingir objetivos traçados ou resolver alguma situação. Foi possível também compreender que as tipologias utilizadas têm suas diferenças e devem ser usadas de acordo com a necessidade de delimitar o tipo de plano e a que ele se destina.
Com relação ao fato do plano de aula ser inimigo ou aliado do professor, pode se observar que ele é um aliado, uma vez que é por intermédio do planejamento que o professor vai delinear suas ações para alcançar seus objetivos ao longo de um período. Outro aspecto importante abordado foi com relação ao fato de que o planejamento não deve ser usado como um regulador das ações humanas e sim um norteador na busca da autonomia, na tomada de decisões, nas resoluções de problemas e na escolhas dos caminhos a serem percorridos partindo do senso comum até atingir as bases científicas.
Conhecer as principais etapas do planejamento também foi de suma importância, pois através do conhecimento dessas etapas o professor poderá descrever com maior clareza seus objetivos, a forma com que irá aplicar o conteúdo, os conteúdos que serão ministrados e como fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do processo.
Com esta pesquisa foi possível perceber que o plano de aula é realmente importante na prática pedagógica do professor como organizador e norteador do seu trabalho. É o plano de aula que dá ao professor a dimensão da importância de sua aula e os objetivos a que ela se destina, bem como o tipo de cidadão que pretende formar. Por este motivo, pensar que a experiência de anos de docência é suficiente para a realização de um bom trabalho é um dos principais motivos que levam um professor a não obter sucesso em suas aulas.
REFERÊNCIAS
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. Curitiba: Positivo, 2004. p. 1575.
FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov. br/pdf/ideias_08_p044-053_c.pdf. Acesso em 27/11/2008.
GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da prática educativa. Disponível em: www.maxima.art.br/arq_palestras/planejamento_ como_ferramenta_(completo).doc. Acesso em: 29/04/2008.
GUTENBERG, Alex. O que eu pretendo com a aula de hoje? Profissão Mestre, nº103, p.21-24, abr.2008.
HYPOLITTO, Dineia. A formação do professor em descompasso com a realidade. Disponível em: http://br.geocities.com/dineia.hypolitto/arquivos/artigos. Acesso em: 05/05/2008.
KUENZER, Acácia Zeneida, CALAZANS, M. Julieta C., GARCIA, Walter. Planejamento e educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
LEAL, Regina Barros. Planejamento de ensino. Disponível em: ww.rieoei.org/ deloslectores/1106Barros.pdf. Acesso em: 10/09/2008.
LIBÄNEO, José Carlos. Didática. 21ª. São Paulo: Cortez, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e preposições. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2001. (p.102 a 119)
MACETTO, COSTA, BARROS. Planejamento de ensino como elemento articulador da relação da prática pedagógica: prática social. Disponível em: http:// www.aparecida.pro.br/alunos/textos/planejamento.htm. Acesso em: 20/11/2008. MACEDO, Lino. Ensaios pedagógicos: como construir uma escola para todos?Porto Alegre: Artmed, 2005. (p. 83 a 87).
MEC – Ministério da Educação e Cultura. Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos – Avaliação e Planejamento – Caderno 4 – SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – 2006.
MEC – Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: 06/07/2008.
MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003. (p. 29 a 71).
PILETTI, Cláudio. Didática geral. 23ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2001.
WIKIPÉDIA. Revolução Comunista. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/ wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3%o_comunista. Acesso em: 12/08/2008.
WIKIPÉDIA. Regime Autoritário. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Autoritarismo. Acesso em: 13/08/2008.
SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. 7ª Ed. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2000. (p. 101 a 110).

O PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO ESCOLAR


O PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO ESCOLAR
Rosemeire Barreto dos Santos Carvalho
rose@cultura.com.br
Resumo: o objetivo deste trabalho é apresentar considerações e reflexões sobre o avanço das
políticas educacionais na descentralização, ampliando suas responsabilidades na busca da qualidade
de ensino. Inicialmente, uma discussão sobre o processo de planejamento que abrace as diferenças
presentes no dia-a-dia da unidade escolar através da participação ativa de pais, alunos, professores,
coordenadores e funcionários nas decisões da escola. Em seguida, comentários sobre a situação das
escolas e formas alternativas que contribuam no processo de construção de uma escola democrática
e autônoma.
Palavras-chave: gestão, organização escolar, planejamento, participação.
O propósito deste texto é refletir sobre a política educacional na
descentralização, tomando por base uma discussão sobre o processo de
planejamento escolar. Busca, inicialmente, compreender o papel da escola, a
organização, as condições em que ela vive e a necessidade da participação ativa de
toda a comunidade escolar. Neste texto serão apresentadas reflexões sobre um
processo de planejamento que incorpore a participação efetiva de pais, alunos,
professores, funcionários e especialistas nas decisões sobre os rumos da escola.
Entender o papel da escola e suas relações com a sociedade tornou-se essencial
para garantir um planejamento verdadeiramente participativo. Cabe salientar que
todo processo de planejamento participativo tem por excelência a transformação da
realidade, construindo desta forma uma escola democrática e autônoma.
O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA
A escola, representando um projeto social, é responsável pela promoção do
desenvolvimento do cidadão. Cabe a ela definir-se pelo tipo de cidadão que deseja
formar, de acordo com a sua visão de sociedade. Cabe-lhe também a incumbência
de definir as mudanças que julga necessário fazer nessa sociedade. Neste sentido,
Lobrot (1992, p.81) apresenta o seu ponto de vista a respeito do papel social da
escola:
Enciclopédia Biosfera, N.04, 2007 ISSN 1809-0583
2
O seu papel é difundir a sabedoria e esta é necessária para o funcionamento
da sociedade. Reduz a ignorância e, por isso, permite que os indivíduos
tenham uma conduta esclarecida. Assegura o ajustamento profissional, pois
qualquer profissão requer uma quantidade considerável de conhecimentos.
Em suma, assegura um progresso simultaneamente individual e coletivo,
que todos desejam e cuja promoção é missão dos responsáveis.
A escola é um espaço que se relaciona com a vida, que forma sujeitos.
Como espaço de formação de sujeitos, a escola está encarregada de incentivar,
colaborar e se transformar em um ambiente amplamente democrático. Quando a
escola assume a responsabilidade de atuar na transformação e na busca do
desenvolvimento social, seus agentes devem empenhar-se na elaboração de uma
proposta para a realização desse objetivo. Essa proposta ganha força na
construção de um planejamento escolar participativo.
IMAGENS ORGANIZACIONAIS DA ESCOLA
No campo educacional, o planejamento participativo desempenhará um papel
estratégico na melhoria das organizações escolares para a construção de
comunidades educativas. As escolas têm assumido um peso cada vez maior na
concepção, planificação e realização de diversas atividades em distintos níveis do
seu funcionamento. Para Costa (1998) o progressivo entendimento das escolas
como organizações dotadas de significativas margens de autonomia, como os
espaços onde educadores e educando devem assumir uma postura criativa e
interventora traduzida na definição e implementação de atividades que lhes
interessem e sejam localmente significativas. Um diagnóstico da realidade
organizacional escolar pode compreender diversas caracterizações como anarquias
organizadas, sistemas debilmente articulados, arenas políticas, sistemas caóticos,
fachadas ritualizadas de mitos e cerimônias. “O que cada escola realmente é só
pode ser verificado através de uma análise das situações concretas” (PIRES, 1991,
p. 65). Analisar as organizações, as inovações, os discursos e as práticas, bem
como identificar os modos de funcionamento e das imposições normativas no âmbito
escolar, a existência de desarticulação, de conflitualidade, de situações anárquicas e
artificiais, a instabilidade que desenvolvem no seio das organizações escolares
devem ser motivos para se procurar novas formas de organização.
É preciso lembrar que os padrões de qualidade para a educação, sustentados
pelo Banco Mundial e adotados pelo Ministério de Educação (MEC), são
inspirados no conceito da qualidade total das empresas, concebidos pela
Enciclopédia Biosfera, N.04, 2007 ISSN 1809-0583
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lógica do mercado, portanto, não podem ser automaticamente transferidos
para as organizações educacionais. Essas organizações, todavia, são
submetidas aos critérios das agências financiadoras e compelidas a se
adequar a eles (BRZEZINSKI, 2001, p.337).
Percorrer as diferentes partes da organização, saber como elas se articulam
entre si, principalmente observar os diferentes cursos de autoridade, de material de
trabalho, de informação e de processo como estes influenciam o próprio
funcionamento da organização e como as diferentes partes se articulam entre si
mediante esses cursos. Costa (1998) considera importante, na área da organização,
uma análise interpretativa crítica da realidade, pois somente desta forma será
alcançada a autonomia e a transformação estrutural e organizacional da escola e da
sociedade. O autor afirma que:
[...] trata-se da mudança de sentido operada na linha de investigação seguida
pelos estudos em organização e administração escolar com a introdução de
novas formas de abordar a realidade social presente na escola com base em
pressupostos teóricos e metodológicos oriundos da tradição fenomenológica
(COSTA, 1998, p.128).
Contudo, a reflexão sobre estes contextos organizacionais poderá desocultar
a prática vigente na realidade no interior da escola. Supondo assim uma prática
democrática e participativa nas organizações educacionais.
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão
sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego
de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de
objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das
avaliações (PADILHA, 2002, p. 30 - 1). “Planejar, em sentido amplo, é um processo
que visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem
para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e
prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente,
as experiências do passado, os aspectos contextuais de quem planeja e de com
quem se planeja. (ibid., p.63). O Planejamento Escolar envolve o processo de
reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta
pedagógica da instituição. “É um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do
contexto social” (LIBÂNEO, 1992, p.221-2).
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Quando se fala em planejamento da educação, é importante ressaltar a
definição de Gandin (1983, p.23): planejar é:
elaborar – decidir que tipo de sociedade e de homem se quer e que tipo de
ação educacional é necessária para isso; verificar a que distância se está
deste tipo de ação e até que ponto se está contribuindo para o resultado final
que se pretende; propor uma série orgânica de ações para diminuir essa
distância e para contribuir mais para o resultado final estabelecido; executar –
agir em conformidade com o que foi proposto; e avaliar – revisar sempre cada
um desses momentos e cada uma das ações, bem como cada um dos
documentos deles derivados.
O processo de planejamento participativo da escola vem crescendo com
muita força nos debates e muitos teóricos acreditam que para se democratizar a
gestão da educação e por conseqüência a qualidade de ensino, o melhor caminho é
a descentralização do sistema educacional. Para se criar, verdadeiramente, um
planejamento participativo é necessário conhecer a escola e seus relacionamentos
com o sistema educacional e a sociedade. A escola é influenciada pelos problemas
internos e externos. Cada unidade enfrenta problemas diferentes de acordo com a
região, etnia, tradições, religião, condições sócio-econômicas. Conhecer os
problemas da escola torna-se essencial no processo de planejamento. Se
compararmos duas escolas em que a violência está presente, cada uma pode ter o
mesmo problema com causas diferentes. Enquanto uma a causa maior pode ser o
preconceito racial, na outra a violência pode ser causada pela disputa de grupos
rivais, venda de drogas. Esses problemas não estão sozinhos, geralmente são
acompanhados de outros (espaço físico, lotação, localização, falta de funcionários
ou professores, etc.). Cada escola, ao planejar sua trajetória, deve levar em conta
essas variantes enfrentando assim o problema de violência na escola. Esse
problema deve ser encarado por todos da comunidade escolar, criando vínculo entre
as pessoas envolvidas e democratizando as decisões, caso contrário, o processo se
tornará fragmentado. Segundo Ferreira (1979) o planejamento deve ser
acompanhado, avaliado e replanejado. Pois desta forma, possibilitará modificações
necessárias.
Uma série de estudos evidencia a importância da gestão como um dos fatores
determinantes para o sucesso escolar. Temas como liderança do dirigente escolar,
democratização da gestão, planejamento e aperfeiçoamento contínuo da equipes
envolvidas, revelam a necessidade de colocar a escola como foco central das
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políticas educacionais. O maior desafio consiste em reordenar a gestão (estratégica,
baseada no diagnóstico situacional, na definição de metas, objetivos e formas de
avaliar, modernizar procedimentos administrativos) e proporcionar condições para
autogestão e acompanhar de forma sistemática. A participação na gestão da escola
pode dar-se numa gama variada de possibilidade. O processo participativo de
gestão da escola constitui uma forma concreta de contribuir para o desenvolvimento
da democracia na escola e na sociedade. Essa participação será facilitada pela
conquista de crescente autonomia pela escola nos domínios da gestão financeira,
pedagógica, administrativa e cultural.
Para Dalmás (1994), ela precisa ser trabalhada e vivenciada com todos os
segmentos da escola e comunidade. É de grande importância a escola discutir sobre
metodologias que propiciem a formação de pessoas atuantes, participativas e
responsáveis na construção de novos caminhos para a transformação da realidade.
Mas não serão apenas as novas regras nas estruturas organizacionais que irão
garantir as mudanças pretendidas, mas as transformações desejadas por todos os
segmentos escolares criadas pelo consenso, negociada entre diversos e diferentes
posicionamentos que geram força para implantações desse processo participativo. O
agir participativo está focado no diálogo, na explicitação constante dos interesses e
no entendimento mútuo dos envolvidos. A escola precisa gerenciar o dilema: de um
lado organizar de forma racional e por outro lado a organização contará com
participação de todos. E sempre que houver necessidade de mudanças, deverão ser
assumidas coletivamente. Ou seja, “vivenciar a participação envolve riscos e
conflitos, num verdadeiro desafio aos que lutam por um constante envolvimento dos
membros da comunidade educativa no processo participativo” (ibid., p.22).
Algumas medidas contribuem na instalação de uma estrutura políticaadministrativa
adequada à participação nas tomadas de decisão de todos os
setores: escolha dos dirigentes escolares; conselhos de escola (pais, alunos,
professores, funcionários) e com efetiva função política de direção da escola; grêmio
estudantil; associação de pais, mestres e funcionários; debates (discussão dos
múltiplos interesses e com assuntos que dizem respeito à escola). Outra medida
importante é instalação de um processo de avaliação constante da escola “... para
que se possam corrigir rumos, providenciar recursos, adequar procedimentos,
redimensionar metas, superar fracassos” (PARO, 2003, p.80).
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Padilha (2002) afirma que uma das estratégias para desenvolver a
capacidade de planejamento participativo é o projeto político pedagógico. “Pensar o
planejamento educacional e, em particular, o planejamento visando ao projeto
político pedagógico da escola é, essencialmente, exercitar nossa capacidade de
tomar decisões coletivamente” (ibid., p.73). A gestão da escola deve estar
fundamentada no projeto político pedagógico, envolvendo efetivamente todos os
setores da escola, visando à cooperação e participação consciente e ativa
resultando assim em uma escola participativa. O projeto político pedagógico é um
instrumento teórico metodológico, definidor das relações da escola com a
comunidade. Gandin (1994) ressalta que a participação significa não apenas
contribuir com uma proposta preparada por algumas pessoas, mas representa a
construção conjunta. Significa, também, a participação no poder que é o domínio de
recursos para realizar sua própria vida, não apenas o individualmente, mas
grupalmente. “O planejamento participativo é o modelo e a metodologia para que
isto aconteça” (ibid., p. 29).
Dalmás (1994) resume dizendo que três momentos fazem parte do processo
de planejamento participativo: elaboração, execução e avaliação. Ao mesmo tempo
em que se elabora e se executa, se avalia. E acrescenta que metodologicamente
são quatro passos vivenciados:
Fixação de diretrizes gerais; trata-se do referencial teórico;
Diagnóstico, ou seja, identificação da realidade e das condições existentes. “O
diagnóstico é um juízo sobre uma realidade ou uma prática” (GANDIN, 1994, p.45).
Pelo diagnóstico percebe-se a real situação em que a comunidade educativa se
encontra na sua aproximação ao ideal estabelecido.
Programação, isto é, o esforço para diminuir a distância entre o que se é e o que
realmente se quer. Após identificar as principais necessidades, define-se a
programação para resolver os problemas, atender necessidades e reforçar avanços,
a fim de transformar a situação existente.
Avaliação é um processo constante que confronta o resultado que se vai
conseguindo. Através dele pode-se fazer sucessivas revisões e reformulações,
tornando desta forma o plano dinâmico.
O planejamento é um processo ininterrupto, com começo, meio e fim. Assim
cada fase é definida por Ferreira (1982, p.59) como:
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[...] a fase da preparação do plano é a fase em que se estuda, pesquisa e
analisa tudo que se tem que levar em conta para poder tomar as ditas
decisões. Na segunda fase o que se faz é verificar, com ações em curso, se
cada uma dessas decisões foram acertadas ou erradas, e o que é preciso
mudar. E, na terceira fase, se analisa cada decisão tomada ou corrigida para
ver se no final das contas era o que tinha que ser decidido mesmo, e porque
deu certo ou não deu certo.
O mesmo autor afirma que acompanhar não é assistir, mas interferir,
modificar até atingir os objetivos propostos. As fases precisam ser vistas como
elementos interatuantes de um único processo, que ainda faz parte de outro
contexto.
DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES
Segundo Paro (2003) é preciso buscar a reorganização da autoridade no
interior da escola, conferindo-lhe poder e condições concretas para que ela alcance
objetivos educacionais. O diretor escolar é um agente de transformação e deve
assumir o papel de motivador, incentivador e catalisador de ações que liguem a sua
escola às outras escolas e a comunidade. O diretor e seu vice “... devem ser
capazes de ‘seduzir’ os demais segmentos para a melhoria da qualidade do trabalho
desenvolvido na escola” (PADILHA, 2002, p.75).
É necessário que o diretor tenha uma visão ampla e mantenha uma atitude
revolucionária. Terá que incentivar os processos participativos, acompanhar,
participar, contribuir e promover espaços para que outros segmentos da escola
possam participar na elaboração, execução e avaliação das decisões. Que cada
segmento possa se expressar de forma livre e crítica a todas as propostas que
guiarem os rumos que a comunidade quer adotar. Mas que ele compreenda a
dimensão política de sua gestão e que tenha plena consciência que esse processo
não será fácil.
O diretor escolar deve dividir responsabilidade e buscar a participação de
todos os setores havendo desta forma melhores condições para pressionar os
escalões superiores a dotar a escola de autonomia e recursos. Portanto, a escola
organizada democraticamente, desempenhará um papel transformador e atenderá
aos interesses da comunidade escolar. Uma gestão democrática não é centrada
apenas na figura do diretor, mas também nas figuras dos professores, dos
funcionários, pais e alunos. O corpo docente deve organizar atividades escolares de
forma a compartilhar as responsabilidades. A participação de representantes do
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corpo docente da escola constitui um instrumento de fortalecimento do poder
docente. Os professores exercem um papel fundamental no processo educacional e
atuam como agentes de transformação do contexto onde se inserem, assim define
Brzezinski (2004):
[...] o professor é o profissional dotado das capacidades, entre tantas
outras, de produzir conhecimento sobre seu trabalho, de tomar
decisões em favor da qualidade cognitiva das aprendizagens
escolares e, fundamentalmente, de atuar no processo constitutivo da
cidadania do ‘aprendente’, seja ele criança, jovem ou adulto.
Dessa forma o corpo docente estará mais compromissado com a tarefa
educativa e participante na solução de seus problemas. “Tendo os docentes
participando ativamente do planejamento escolar, eles estarão comprometidos com
ele e, principalmente, organizando suas atividades com base no que foi decidido
coletivamente” (PADILHA, 2002, p.75-6).
A presença dos pais na escola é também um importante instrumento de
melhoria na qualidade de ensino-aprendizagem, visto que os pais são os mais
interessados em buscar a melhor educação para seus filhos. Desta forma os obriga
a assumir responsabilidade no confronto dos problemas e a participar das mudanças
necessárias. Da mesma forma a participação dos estudantes se faz necessária na
instituição escolar. Tanto os pais como os alunos devem ser ouvidos e participar do
processo decisório da escola. “Eles devem vincular-se principalmente aos diversos
colegiados existentes na escola, com o que estarão até mesmo consolidando a
prática participativa” (ibid., p.74).
O coordenador pedagógico articula a equipe pedagógica em torno do melhor
cumprimento do que foi estabelecido no projeto político pedagógico. “Ele exerce
uma responsabilidade da maior relevância durante todo o processo, desde a fase de
organização das reuniões de planejamento das atividades pedagógicas da unidade
escolar até a da execução, desenvolvimento e avaliação do projeto da escola” (ibid.,
p.75). Ele precisa ser ativo e presente em todos os momentos porque é ele que vai
promover a unidade da equipe na procura do sucesso didático pedagógico da
escola, sendo o mediador entre as áreas do conhecimento e os diferentes
profissionais. Cabe ao coordenador pedagógico, na elaboração dos projetos,
coordenar e buscar nas demais instituições (órgão privados, públicos ou empresas)
a realização e parcerias. Outros seguimentos que podem contribuir na prática do
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planejamento escolar são as associações de bairro, entidades comunitárias, o
assistente técnico-pedagógico e o supervisor de ensino. Cabendo a ele promover
condições institucionais da realização do projeto escolar e participar ativamente do
processo de construção e desenvolvimento deste.
RESISTÊNCIA AO PLANEJAMENTO
Embora o planejamento seja necessário, muitas pessoas resistem a envolverse
tendo em vista que ele requer dedicação, tempo e energia dentre outros fatores
dessa resistência. Segundo Lück (1986), essas dificuldades e limitações são de
diversas origens, como por exemplo, falta de compreensão dos benefícios do
planejamento, pressões do ambiente de trabalho, disponibilidade de tempo, falta de
habilidade para planejar, etc. Alguns aspectos serão analisados.
Falta de tempo para planejar, ou seja, há tanto que fazer em tão pouco tempo.
Porém se o tempo é pequeno, mais se deve cuidar para bem utilizá-lo, sendo
possível através do planejamento. Deve-se ter bom senso no controle do tempo.
Preocupações com soluções imediatas, com resoluções rápidas de problemas e a
prestação de serviços. É preciso observar que preocupações por soluções imediatas
atuam-se sob o controle dos problemas, mas não os controla.
Expectativas do ambiente de trabalho; com as pressões do ambiente de trabalho
surge uma atitude negativa em relação ao planejamento, não conseguindo executar
o que fora planejado. Mas senão for implementado o que foi planejado, nada
ocorrerá para melhorar.
Hesitação em assumir responsabilidade, visto que ter responsabilidade significa
que vai se fazer o que foi planejado, se torna um compromisso de trabalho.
Falta de habilidade para planejar, ou seja, o planejamento “envolve habilidade de
identificar necessidades, estabelecer prioridades, analisar alternativas de ação,
definir objetivos, estabelecer estratégias, atividades e cronograma de ação ajustadas
e definir programa de avaliação preciso e ajustado” (ibid., p.24).
Mas é necessário analisar os motivos e as atitudes no envolvimento do
planejamento para que possa racionalizar e eliminar resistências. Contudo é
importante ressaltar que a falta do planejamento poderá acarretar problemas como
má distribuição do tempo, desentendimento, confusão, ineficiência e vários outros
problemas que atrapalham o crescimento da unidade escolar. Parte dessa
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resistência ao planejamento se dá pelo fato deles “não terem servido para nada e
porque, como atividade lúdica, eles são quase sem graça” (Gandin, 1983, p.13). O
mesmo autor ainda completa que se deve descobrir por que não são realizados os
planos, pois desta forma possibilitam-se condições de participar de um processo de
planejamento.
MOTIVAÇÃO PARA PLANEJAR PARTICIPATIVAMENTE
Gandin (1994) diz que é importante que o processo todo seja um instrumento
de valorização das pessoas, de riqueza, de alegria e de realização. Ele destaca que
a elaboração do plano deve ser sentida com clareza, dinamismo e é utilíssimo para
ajudar as pessoas a crescerem mais globalmente. Para Dalmás (1994) ao assumir
um processo participativo, há necessidade de que os envolvidos estejam motivados
para a participação. É de fundamental importância despertar a consciência de que
são sujeitos e por isso precisam se comprometer e assumir responsabilidade neste
processo. Apesar de ser um elemento essencial no processo, “motivar não é fácil. É
preciso estar motivado. Os participantes percebem a motivação e deixam-se cativar”
(ibid., p.43).
Ao assumirem integralmente o processo participativo, os professores e
demais participantes da comunidade escolar estarão estimulados a decidir, a fim de
promoverem a eficiência e a eficácia de uma educação de qualidade. Vale lembrar
que, apesar da direção e dos serviços especializados de uma escola, o corpo
docente tem a possibilidade de transformar ou manter a dinâmica de uma instituição.
Essa força transformadora, na medida em que forem afirmando e crescendo, abrese
para a presença dos demais segmentos da comunidade a participarem do
processo. Para Gandin (1994) todos os membros da instituição escolar são
chamados a construir, a elaborar, executar e avaliar a ação participativa na escola.
Segundo ele é de grande importância a participação do coordenador (ou equipe) que
tenha conhecimento e motivação para coordenar o processo de planejamento
participativo e ainda completa “o caminho estreito é a coordenação bem direcionada
que reúne, incentiva, organiza propostas claras e questiona o pensamento do grupo”
(Gandin, 1983, p.63). Neste processo de construção, ter alguém que coordene com
espírito questionador e incentivador com decisão firme possibilita o processo
participativo transformador. Mas Dalmás (1994) chama a atenção para o fato de ser
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ilusório a participação total. É necessário que haja um grupo razoável disposto a
assumir a nova proposta e que sirva de convite para os outros se integrarem na
jornada vivenciada. Aos poucos, os envolvidos vão percebendo que fazem parte do
processo os conflitos, choques, questionamentos, exigências, incertezas, dúvidas e
inseguranças, mas o risco faz parte do desafio. Não restam dúvidas que quanto
maior for o envolvimento dos participantes, maior será o compromisso com o
planejamento. Gandin (1983, p.107) completa afirmando que “um processo de
planejamento exige, quando se pretende o bem de todos, que a participação
aconteça em cada momento e em cada ação”. Esse envolvimento funcionará com
motivação para que o grupo possa crescer globalmente, criando assim um clima
favorável para o desenrolar do processo de planejamento participativo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de inúmeros problemas educacionais e o real papel da escola, faz-se
necessário uma ampla reflexão e um grande esforço coletivo para derrubar as
barreiras que impedem a construção de uma escola democrática e autônoma, de
uma escola que sirva de instrumento para a transformação social. Não basta
somente querer, é preciso criar ambiente e condições que disponibilizem os
recursos necessários à realização do processo participativo de cada escola.
A melhoria da qualidade de ensino das escolas é algo que se discute e se
rediscute há muito tempo. O princípio básico para essa melhoria deve passar
necessariamente por uma redefinição de sua própria organização, a partir da
construção coletiva de um planejamento participativo. Mas é essa prática de
organização que a escola tem dificuldade em realizar, até por que não faz parte de
sua cultura desenvolver projetos a partir de sua própria iniciativa. As escolas durante
muito tempo apenas serviram de “laboratórios” para programas impostos pela
implantação das políticas educacionais do país e dos estados. É preciso que a forma
de gestão escolar seja democrática e que sejam rompidas velhas e cristalizadas
formas de gerenciamento escolar. Essa mudança deve considerar novos modos de
pensar e agir. Deve-se romper com a visão estreita e de controle. Deve-se pensar
em uma escola que construa seu próprio planejamento, que supere o
espontaneísmo, mas também a inflexibilidade. A organização do trabalho escolar
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precisa ser revista. É necessário caminhar para uma escola com uma gestão
realmente democrática, onde a estrutura rígida e linear da organização possa ser
redimensionada.
Embora haja resistência por parte de algumas pessoas, a falta do
planejamento poderá acarretar grandes transtornos que atrapalham o
desenvolvimento da unidade escolar. É preciso motivar os envolvidos para que
participem do processo. Como diz Dalmás (1994), motivar não é fácil, mas quando
os participantes percebem a motivação se deixam cativar.
A família deve participar da vida escolar, contribuir com suas opiniões,
revelando seus desejos e aspirações criando assim uma escola que se relaciona
com a vida.
A escola é incumbida de incentivar a participação dos alunos, que possam
qualificar-se sujeitos responsáveis pelas ações. Cabe a todos pensar de formas a
superar os obstáculos encontrados no cotidiano escolar e a cada um contribuir para
a aplicação de novas formas de agir dentro desse espaço.
Ao coordenador (ou equipe) da vida escolar cabe a responsabilidade criar as
possibilidades de participação da comunidade em seu cotidiano, facilitando e
aprimorando a participação (relação) com os segmentos envolvidos nas aspirações
da escola. A existência desses representantes e as atividades de qualidades são
essenciais na construção de uma escola democrática e autônoma.
Sem dúvida, o desafio maior é construir novas relações no interior da escola,
onde pais, alunos, professores, coordenadores, funcionários não sejam apenas
executores de parcelas nas ações educativas, mas sujeitos coletivos capazes de
apropriarem-se da construção do planejamento integral da escola. Assim, é preciso
saber qual a direção a ser seguida, perceber qual a prática pedagógica acontece na
escola e identificar a melhor alternativa que viabilize o sucesso do trabalho escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1998.
BRZEZINSKI, Íria. Ressignificando a formação de administradores da educação:
avaliação de cursos de pós-graduação Lato Sensu. Revista Educativa. Goiânia. v. 4,
n.2, p.337, jul./dez.2001.
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a reforma universitária: as arenas de poder. Goiânia, 2004. Impresso por meios
eletrônicos
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FERREIRA, F. W. Planejamento sim e não: um modo de agir num mundo em
permanente mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
GANDIM, D. A prática do planejamento participativo. Petrópolis: Vozes, 1994.
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LIBANEO, J.C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. Goiânia: Editora
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LOBROT, M. Para que serve a escola. Lisboa: Terramar, 1992.
LÜCK, H. Planejamento em orientação educacional. Petrópolis: Vozes, 1986.
PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto políticopedagógico
da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2002.
PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2003.
PIRES, Eurico Lemos, FERNANDES, A. Souza e FORMOSINHO, João. A
construção social da educação escolar. Rio Tinto: Edições Asa, 1998.
Enciclopédia Biosfera, N.04, 2007 ISSN 1809-0583
14
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO ESCOLAR
Autoria: Rosemeire Barreto dos Santos Carvalho
Trabalho apresentado à disciplina de Gestão
Educacional, do curso Mestrado em Educação
da Universidade Católica de Goiás sob a
orientação das professoras Dra. Íria Brzezinski
e Dra. Lenita Schultz, como requisito parcial da
avaliação do semestre.
GOIÂNIA
2005
Enciclopédia Biosfera, N.04, 2007 ISSN 1809-0583

sexta-feira, 29 de junho de 2012



História do planejamento


      O Planeamento por parte do estado teve início quando a sociedade encontrava-se com a necessidade de se reconstruir. Após o fim da primeira guerra mundial, com a crise de1929, a antiga União Soviétiva tornou-se a primeira nação a aplicar o planeamento como ferramenta de reconstrução.
      Segundo Dias (2003) “como instrumento governamental de orientação econômica” o planeamento da URSS teve a sua construção de forma sistemática e centralizada, o que deu ao planeamento um caráter centralizador e demasiadamente controlador dentro da ótica dos países de economia livre.
      Após a Segunda Guerra Mundial  foi estendida a sua prática aos países do bloco comunista e iniciada em países de economias mais abertas chegando, segundo Dias (2003), à  França e ao Japão tendo a sua aplicação em países “subdesenvolvidos” apenas na década de 1950 a 1960.
      O planeamento ganha destaque no cenário internacional, após momentos de crise global, sendo as crises de mercado as principais motivadoras da adoção do planejamento por países de economia de mercado. Tendo com exemplos as crises do México em 1994-1995, dos  "Tigres Asiáticos" e outras economias do Sudeste Asiático em 1997-1998, da Rússia e do Brasil em 1998-1999, e a recente crise da Argetina de 2001-2002 que impulsionaram governos para atuarem orientando suas economias; segundo Ángel (2003).
O QUE É PLANEJAMENTO?

 
           O planejamento é uma ferramenta administrativa que possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, estruturando o trâmite adequado e reavaliar todo o processo a que o planejamento se destina. 
  
"O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes" - PETER DRUCKER

           Estamos sempre a planejar; planejamos o que vamos comer, o que vamos fazer durante o dia, que roupa vamos usar, a que horas vamos dormir, com quem vamos sair. Administrar o tempo e a nossa vida é planejar.
         Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento daquilo que se está trabalhando. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PADILHA, 2001, p. 30).

         Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. (idem, 2001, p. 63). Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas. 
               O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que desejamos. 
                E para você o que é planejamento?