A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS
AULAS PARA ORGANIZAÇAO DO TRABALHO DO
PROFESSOR EM SUA PRÁTICA DOCENTE
Patricia Aparecida Pereira Penkal de Castro1Cristiane Costa Tucunduva2
Elaine Mandelli Arns3
1 Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade, pós-graduada em Gestão Empreendedora de Instituição de Ensino - Orientação e Supervisão Escolar, atualmente coordenadora pedagógica em uma escola da rede particular de ensino.
2 Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade, pós-graduada em Gestão
Empreendedora de Instituição de Ensino - Orientação e Supervisão Escolar.
3 Mestre em Engenharia da Produção – Mídia e Conhecimento – UFSC, professora dos cursos de Pedagogia e Letras da FACEL – Curitiba – PR
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar se o plano de aula é realmente importante na organização do trabalho pedagógico do professor. O planejamento começou a ser utilizado pelas empresas para dar-lhes um novo significado em suas organizações e o mesmo aconteceu com as escolas, embora a princípio o planejamento não tenha sido recebido como um facilitador e sim um regulador das ações pedagógicas em virtude do regime vigente na época. Atualmente isto não acontece, o planejamento é utilizado para organizar a ação educativa uma vez que permite que se levante o questionamento do tipo de cidadão que se pretende formar, deixando, assim, de ser um simples regulador para se tornar ato político-filosófico, científico e técnico. É um
trabalho presente que prepara para o futuro visando à transformação da sociedade. Palavras-chave: Planejamento; Ação Educativa; Organização. 50 ATHENA • Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008
ABSTRAT
This paper to analyze if the plan lesson is important in the pedagogical organization of teacher’s work. The planning began to be used by companies to give them a new meaning in their organizations and the same happened with the schools, although in principle the planning has not been received as a facilitator, but a regulator of pedagogical actions under the current regime in season. Currently this does not happen, the planning is used to organize the educational activity because it allows that the question raises the kind of citizen who wishes to form, leaving to be a single regulator to become a political act-philosophical, scientific and technical. It is this work that prepares for the future to the transformation of society. Key words: Action Planning; Educational Action; Organization. ATHENA • Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008 51
1. INTRODUÇÃO
O ato de planejar acompanha o homem desde os primórdios da evolução humana. Todas as pessoas planejam suas ações desde as mais simples até as mais complexas, na tentativa de transformar e melhorar suas vidas ou as das pessoas que as rodeiam. Mas não é só na vida pessoal que as pessoas planejam suas ações, o planejamento atinge vários setores da vida social. Se o ato de planejar é tão importante, porque algumas pessoas ainda resistem em aceitar este fato, principalmente no contexto escolar? Diante desse questionamento objetivou-se identificar os motivos pelos quais os professores resistem em preparar suas aulas e conscientizá-los da importância de utilizar o plano de aula como um norteador da ação pedagógica. Para tanto, faz-se necessário realizar uma breve retrospectiva histórica sobre o surgimento do planejamento e sua utilização nos diversos setores da sociedade. Outro aspecto importante a ser abordado foi com relação às diversas tipologias utilizadas no cotidiano escolar e suas diferenças, pois apesar destes conceitos serem utilizados como sinônimos eles não o são e faz-se necessário que o professor compreenda essas diferenças para poder utilizá-las. Em seguida, realizou-se uma análise com relação ao planejamento enquanto ato político-social, político-filosófico, técnico e científico. Outro aspecto abordado neste artigo relaciona-se com as principais etapas para a elaboração do plano de aula.
2. HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO
“O planejar é uma realidade que acompanhou a
trajetória histórica da humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imaginou
algo na sua vida.” (Mengolla, San’tAnna, 2001, p.15). Segundo Moretto,
percebe-se que o planejamento é fundamental na vida do homem, porém no contexto
escolar ele não tem tanta importância assim: (2007, p.100) “o planejamento no
contexto escolar não parece ter a importância que deveria ter”. Este fato
acontece porque o planejamento só passou a ser bem definido a partir do século
passado, com a revolução comunista que construiu a União Soviética. Revolução
Comunista: é uma revolução proletária inspirada pelas ideias do Marxismo que
objetiva substituir o capitalismo pelo comunismo, tipicamente através de um
estado socialista (no qual o governo é contra os meios de produção).
(WIKIPÉDIA, 2008)
No mundo capitalista,
segundo Gandin (2008), o planejamento passa a ser utilizado pelo governo, após
a segunda guerra mundial , para a resolução de questões mais complexas. A
adoção do planejamento pelo governo teve uma adesão tão grande que as outras
instituições sentiram-se motivadas e passaram a se preocupar com a importância
do planejamento, uma vez que ele visava a suprir as necessidades de um comércio
em ascensão que exigia uma nova organização. Com isso pode-se dizer que foi a
partir desta época que o planejamento se universalizou.
Na educação esta
realidade também não poderia ter sido diferente, uma vez que, segundo Kuenzer
(2003, p. 13) “o planejamento de educação também é estabelecido a partir das
regras e relações da produção capitalista, herdando, portanto, as formas, os
fins, as capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do Estado.”
Aqui no Brasil, Padilha (2003, p.29) explica que
“Durante o regime autoritário (1964-1985), eles foram utilizados com um sentido
autocrático. Toda decisão política era centralizada e justificada tecnicamente
por tecnocratas à sombra do poder.” Kuenzer (2003, p.36) complementa a citação
acima explicando que “A ideologia do Planejamento então oferecida a todos, no
entanto, escondia essas determinações político-econômicas mais abrangentes e
decididas em restritos centros de poder.”
O regime autoritário fez com que muitos
educadores criassem uma resistência com relação à elaboração de planos, uma vez
que esses planos eram supervisionados ou elaborados por técnicos que
delimitavam o que professor deveria ensinar, priorizando as necessidades do
regime político. “Num regime político de contenção, o planejamento passa a ser
bandeira altamente eficaz para o controle e ordenamento de todo o sistema
educativo.” (Kuenzer 2003, p. 41).
Apesar de se ter claro a importância do
planejamento na formação, Fusari (2008, p.48) explica que: “Naquele momento, o
Golpe Militar de 1964 já implantava a repressão, impedindo rapidamente que um
trabalho mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre educação e sociedade
pudessem ser problematizadas, fosse vivenciadas pelos educadores, criando,
assim, um “terreno” propício para o avanço daquela que foi denominada
“tendência tecnicista” da educação escolar.”
Danilo Gandin: professor, escritor e
conferencista. Mestre em Educação, especializado em Planejamento Participativo.
Segunda Guerra Mundial: conflito entre os Aliados
(liderados por França e, a partir de 1941, Estados Unidos e a União Soviética)
e o Eixo ( Alemanha, Itália e Japão), no período de 1939 a 1945. Tendo como
fatores que contribuíram para a Guerra a vacilante política de apaziguamento
levada a cabo pela Grã-Bretanha e a França; o isolacionismo dos Estados Unidos;
as ambições imperialistas japonesas e principalmente as ambições desmedidas de
Hitler.
Regime autoritário: regime político em que é
postulado o princípio da autoridade. Também pode ser definido como um
comportamento em que uma instituição ou pessoa se excede no exercício da
autoridade de que lhe foi investida. (Wikipédia, 2008)
Mas não se pode pensar que o regime político era
o único fator que influenciava no pensamento com relação à elaboração dos
planos de aulas; as teorias da administração também refletiam no ato de
planejar do professor, uma vez que essas teorias traziam conceitos que iriam
auxiliar na definição do tipo de organização educacional que seria adotado por
uma determinada instituição.
No início da história da humanidade, o
planejamento era utilizado sem que as pessoas percebessem sua importância,
porém com a evolução da vida humana, principalmente no setor industrial e
comercial, houve a necessidade adaptá-lo para os diversos setores. Nas escolas
ele também era muito utilizado; a princípio, o planejamento era uma maneira de
controlar a ação dos professores de modo a não interferir no regime político da
época. Hoje o planejamento já não tem a função reguladora dentro das escolas,
ele serve como uma ferramenta importantíssima para organizar e subsidiar o
trabalho do professor, assunto este que será abordado mais detalhadamente nos
próximos capítulos desta pesquisa.
3. PLANEJAMENTO, PLANO(S), PROJETO(S) – COMPREENSÃO NECESSÁRIA
“Hoje vivemos a segunda grande onda do
planejamento. A primeira entra em crise na década de 70. A década de 80, embora,
na prática, se apresente como uma grande resistência ao planejamento, contém os
mais efetivos anos em termos da compreensão da necessidade, do estudo, do
esclarecimento e da confirmação desta ferramenta.” (Gandin, 2008, p.05)
A citação demonstra a dimensão da necessidade de
se compreender a importância do ato de planejar, não apenas no nosso dia-a-dia,
mas principalmente, no dia-a-dia de sala de aula. Para Moretto (2007), planejar
é organizar ações. Essa é uma definição simples mas que mostra uma dimensão da
importância do ato de planejar, uma vez que o planejamento deve existir para
facilitar o trabalho tanto do professor como do aluno.
O planejamento deve ser uma organização das
ideias e informações. Gandin (2008, p.01) sugere que se pense no planejamento
como uma ferramenta para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser
utilizado para a organização na tomada de decisões e para melhor entender isto
precisa-se compreender alguns conceitos, tais como: planejar, planejamento e
planos que segundo Menegolla & Sant’Anna (2001, p.38) “são palavras
sofisticadamente pedagógicas e que “rolam” de boca em boca, no dia-a-dia da
vida escolar.” Porém, para Padilha (2003, p. 29), estes termos têm sido compreendidos de muitas
maneiras. Dentre elas destaca-se:
3.1 Planejamento:
“É um instrumento direcional de todo o processo
educacional, pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades
básicas, ordena e determina todos os recursos e meios necessários para a
consecução de grandes finalidades, metas e objetivos da educação.” (MENEGOLLA
& SANT’ANNA, 2001, p.40)
3.2 Plano Nacional de Educação:
“Nele se reflete a política educacional de um
povo, num determinado momento histórico do país. É o de maior abrangência porque
interfere nos planejamentos feitos no nível nacional, estadual e municipal.”
(MEC, 2006, p. 31)
3.3 Plano de Curso:
“O plano de curso é a sistematização da proposta
geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de
estudo, numa dada realidade. Pode ser anual ou semestral, dependendo da
modalidade em que a disciplina é oferecida.” (VASCONCELLOS, 1995, p.117 in
Padilha, 2003, p.41)
3.4 Plano de Aula:
“É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido
em um dia letivo. (...) É a sistematização de todas as atividades que se
desenvolvem no período de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa
dinâmica de ensino-aprendizagem.” (PILETTI, 2001, p.73)
3.5 Plano de Ensino:
“É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho
docente para um ano ou um semestre; é um documento mais elaborado, no qual
aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico.”
(LIBÂNEO, 1994, p.222)
3.6 Projeto Político Pedagógico:
“É o planejamento geral que envolve o processo de
reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica
da instituição. É um processo de organização e coordenação da ação dos
professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto social da escola. É
o planejamento que define os fins do trabalho pedagógico.” (MEC, 2006, p.42)
Os conceitos apresentados têm por objetivo
mostrar para o professor a importância, a funcionalidade e principalmente a
relação íntima existente entre essas tipologias. Segundo Fusari (2008, p.45),
“Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho, os
termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes não o são.” Outro aspecto
importante, segundo Schmitz (2000, p.108) é que “as denominações variam muito.
Basta que fique claro o que se entende por cada um desses planos e como se
caracterizam.” O que se faz necessário é estar consciente que: “Qualquer
atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento é uma
espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especialmente a
educação escolar, uma atividade sistemática, uma organização da situação de
aprendizagem, ela necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se
pode improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível.” (SCHMITZ, 2000,
p.101)
4. PROFESSOR X PLANO DE AULA: INIMIGOS OU
ALIADOS?
“A educação, a escola e o ensino são os grandes
meios que o homem busca para poder realizar o seu projeto de vida. Portanto, cabe
à escola e aos professores o dever de planejar a sua ação educativa para
construir o seu bem viver. (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.11)
A citação acima deixa clara a importância tanto
da escola como dos professores na formação humana; por este motivo todas as
ações educativas devem ter como perspectiva a construção de uma sociedade
consciente de seus direitos e obrigações, sejam eles individuais ou coletivos. Infelizmente,
apesar do planejamento da ação educativa ser de suma importância, existem
professores que são negligentes na sua prática educativa, improvisando suas atividades.
Em consequência, não conseguem alcançar os objetivos quanto à formação do
cidadão.
“A
ausência de um processo de planejamento de ensino nas escolas, aliado às demais
dificuldades enfrentadas pelos docentes do seu trabalho, tem levado a uma
contínua improvisação pedagógica das aulas. Em outras palavras, aquilo que
deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma “regra”, prejudicando, assim,
a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.” (FUSARI,
2008, p.47) Para Moretto (2007, p.100) “Há, ainda, quem pense que sua
experiência como professor seja suficiente para ministrar suas aulas com
competência.” Professores com este tipo de pensamento desconhecem a função do
planejamento bem como sua importância. Simplesmente estão preocupados em
ministrar conteúdos, desconsiderando a realidade e a herança cultural existente
em cada comunidade escolar bem como suas necessidades.
Outro aspecto que vem influenciando o ato de
planejar dos professores são os materiais didáticos ou as instruções
metodológicas para os professores que acompanham estes materiais. Na presente
pesquisa não se pretende discutir se eles são bons ou ruins e sim a forma com a
qual estão sendo utilizados pelos professores. O que acontece é que o professor
faz um apanhado geral dos conteúdos dispostos no material e confronta com o
tempo que tem disponível para ensinar esses conteúdos aos alunos e a partir
desses dados divide-os atribuindo a este ato erroneamente o nome de plano de
aula.
“Muitas vezes os professores trocam o que seria o
seu planejamento pela escolha de um livro didático. Infelizmente, quando isso
acontece, na maioria das vezes, esses professores acabam se tornando simples
administradores do livro escolhido.
Deixam de planejar seu trabalho a partir da
realidade de seus alunos para seguir o que o autor do livro considerou como
mais indicado” (MEC, 2006, p. 40) Outra situação muito comum em relação à
elaboração do plano de aula é que “em muitos casos, os professores copiam ou
fazem cópia do plano do ano anterior e o entregam a secretaria da escola, com a
sensação de mais uma atividade burocrática” (FUSARI, 2008, p. 45).
Luckesi (2001, p.106) afirma que o ato de
planejar, em nosso país, principalmente na educação, tem sido considerada como
uma atividade sem significado, ou seja, os professores estão muito preocupados
com os roteiros bem elaborados e esquecem do aperfeiçoamento do ato político do
planejamento. Os professores precisam quebrar o paradigma de que o planejamento
é um ato simplesmente técnico e passar a se questionarem sobre o tipo de
cidadão que pré ATHENA tendem formar, analisando a sociedade na qual ele está
inserido, bem como suas necessidades para se tornar atuante nesta sociedade.
Para Luckesi (2001, p.108): “O planejamento não será nem exclusivamente um ato
político- filosófico, nem exclusivamente um ato técnico; será sim um ato ao
mesmo tempo político-social, científico e técnico: político-social, na medida
em que está comprometido com as finalidades sociais e políticas; científicas na
medida em que não pode planejar sem um conhecimento da realidade; técnico, na medida
em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter resultados.”
O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico em detrimento do lado político-
social ou vice-versa, ambos são importantes. Por este motivo, devem ser muito bem
pensados ao serem formulados visando à transformação da sociedade.
5. PLANO DE AULA: DO SENSO COMUM À CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA
Considerando que o planejamento deve ser pensado
como um ato político- -social, não se pode conceber que o professor não realize
o mínimo de planejamento necessário para seus alunos, afinal, o planejamento,
no processo educativo, segundo Menegolla & Sant’Anna (2001, p.24), não deve
ser visto como regulador das ações humanas, ou seja, um limitador das ações
tanto pessoais como sociais, e sim ser visto e planejado no intuito de nortear
o ser humano na busca da autonomia, na tomada de decisões, na resolução de
problemas e principalmente na capacidade de escolher seus caminhos. “Essencialmente,
educar/ensinar é um ato político. Entendamos bem essa proposição: a essência
política do ato pedagógico orienta a práxis do educador quanto aos objetivos a serem
atingidos, aos conteúdos a serem transmitidos e aos procedimentos a serem utilizados,
quando do trabalho junto a um determinado grupo de alunos.” (SILVA, EZEQUIEL, 1991,
p.42 in Hypolitto 2008, p. 6) Menegolla & Sant’Anna (2001) ainda completam
argumentando que o plano das aulas visa à liberdade de ação e não pode ser planejado
somente pelo bom senso, sem bases científicas que norteiem o professor. Segundo
Gutenberg (2008, p. 21) essa base científica utilizada para organizar o
trabalho pedagógico são os pilares e princípios da Educação, anunciados e
exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) (MEC, 2008);
por este motivo faz-se necessário conhecêlos e compreendê-los muito bem.
“Todo
mestre precisa entender que esse conjunto de regras, embora pareça muito burocrático
e teórico para uns, ou mesmo inútil para outros, trata-se de uma tentativa clara
para que os alunos aprendam e apreendam o que for necessário durante o período escolar.”
(GUTENBERG, 2008, p. 21) Partindo do princípio de que o professor deve ensinar
os conteúdos e também formar o aluno para que ele se torne atuante na sociedade,
ele deve organizar seu plano de aula de modo que o aluno possa perceber a importância
do que está sendo ensinado, seja num contexto histórico, para o seu dia-a dia
ou para seu futuro. É claro que integrar estes dois aspectos, senso comum e
consciência filosófica, nem sempre é tão fácil. Para que isso aconteça faz-se
necessário muito empenho por parte do professor.
“(...) um mínimo de intimidade com a realidade
concreta das escolas é necessário à formação do educador. Sem isso, abre-se a
possibilidade de improvisação ou, o que é pior, de experimentação para ver se
“dá certo” em termos do encaminhamento do ensino. Até que o professor se situe
criticamente no contexto de sala de aula, os alunos passam a ser cobaias desse
profissional.” (SILVA, EZEQUIEL, 1991, p. 71 in Hypolitto, 2008, p. 6) Menegolla
& Sant’Anna (2001, p. 45) explicam que o planejamento também serve para
desenvolver tanto nos professores como nos alunos uma ação eficaz de ensino e
aprendizagem, uma vez que ambos são atuantes em sala de aula. Porém é de
responsabilidade do professor elaborar o plano de aula, pois é ele quem conhece
as reais aspirações de cada turma.
“O preparo das aulas é uma das atividades mais
importantes do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a
tarefa de preparação da aula em si. (...) faz parte da competência teórica do
professor, e dos compromissos com a democratização do ensino, a tarefa
cotidiana de preparar suas aulas (...)” (FUSARI, 2008, p.47) Moretto (2007, p.
101) acredita que o professor, ao elaborar o plano de aula, deve considerar alguns
componentes fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade enquanto
professor, conhecer seus alunos (características psicossociais e cognitivas),
conhecer a epistemologia e a metodologia mais adequada às características das
disciplinas, conhecer o contexto social de seus alunos. Conhecer todos os
componentes acima possibilita ao professor escolher as estratégias que melhor se
encaixam nas características citadas aumentando as chances de se obter sucesso nas
aulas.
Outro grupo que deve estar atento à importância
de se elaborar planos de aula são os professores em início de carreira, pois,
para Schmitz (2000, p. 104), esses profissionais iniciando sua carreira no
magistério adquirem confiança para dar aula, uma vez que, no plano de aula, é
possível esclarecer os objetivos da mesma, sistematizar as atividades e
facilitar seu acompanhamento.
Mediante todos os fatos pesquisados até agora,
não se discute a necessidade e a importância de se elaborar o plano de aula,
porém, segundo Schmitz (2000, p. 104), ele não precisa ser descrito
minuciosamente, mas deve ser estruturado, escrito ou mentalmente. “Trata-se de
fazer uma organização mental e uma tomada de consciência do que o professor de
fato pretende fazer e alcançar. Se tiver esse planejamento presente, evitará
ser colhido de surpresa por acontecimentos imprevistos. A sua criatividade, a
sua intuição, torna-se mais aguçada e com mais facilidade percebe novas
oportunidades.”
Alguns autores sugerem que o planejamento tenha
algumas etapas principais pois serão estas
etapas que darão uma visão do que é necessário e conveniente ao professor e aos
alunos. São elas:
5.1 Objetivos:
“Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá
ser capaz como consequência de seu desempenho em atividades de uma determinada
escola, série, disciplina ou mesmo uma aula.” MASETTO (1997 in Macetto, Costa,
Barros, 2008, p. 3)
5.2 Conteúdo:
“É um conjunto de assuntos que serão estudados
durante o curso em cada disciplina. Assuntos que fazem parte do acervo cultural
da humanidade traduzida em linguagem escolar para facilitar sua apropriação
pelos estudantes. Estes assuntos são selecionados e organizados a partir da
definição dos objetivos, sendo assim meios para que os alunos atinjam os
objetivos de ensino.” (MACETTO, COSTA, BARROS, 2008, p. 3)
5.3 Metodologia:
“Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos,
técnicas e modalidades de ensino, selecionados com o propósito de facilitar a
aprendizagem. São, propriamente, os diversos modos de organizar as condições
externas mais adequadas à promoção da aprendizagem.” (MENEGOLLA &
SANT’ANNA, 2001, p.90)
5.4 Avaliação:
“Na verdade, a avaliação acompanha todo o
processo de aprendizagem e não só um momento privilegiado (o de prova ou teste)
pois é um instrumento de feedback contínuo para o educando e para todos os
participantes. Nesse sentido, fala da consecução ou não dos objetivos da
aprendizagem. (...) O processo de avaliação se coloca como uma situação
frequentemente carregada de ameaça, pressão ou terror.” (MASETTO, 1997, p. 98
in Macetto, Costa, Barros, 2008, p. 4) A partir das definições das principais
etapas que devem conter um planejamento, o professor já tem condições
necessárias para fazê lo e utilizá-lo adequadamente. Vale lembrar, porém, que
segundo Menegolla & Sant’anna (2001, p. 46), não existe um modelo único de
planejamento e sim vários esquemas e modelos. Também não existe um modelo
melhor do que o outro, cabe ao professor escolher aquele que melhor atenda suas
necessidades bem como as de seus alunos, que seja funcional e de bons
resultados.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal ao estudar o tema “A
importância do planejamento para a organização do trabalho do professor em sua
prática pedagógica” era analisar se o plano de aula é realmente importante ou
apenas uma questão burocrática exigida pelas escolas para aumentar o trabalho
do professor. Para tanto foi preciso compreender o contexto histórico do
planejamento na vida das pessoas, sua influência e importância ao longo da evolução
humana, desde a sua utilização de forma inconsciente nos primórdios, até os dias
atuais no qual o planejamento é utilizado para nortear um caminho a ser percorrido
para se atingir objetivos traçados ou resolver alguma situação. Foi possível
também compreender que as tipologias utilizadas têm suas diferenças e devem ser
usadas de acordo com a necessidade de delimitar o tipo de plano e a que ele se
destina.
Com relação ao fato do plano de aula ser inimigo
ou aliado do professor, pode se observar que ele é um aliado, uma vez que é por
intermédio do planejamento que o professor vai delinear suas ações para
alcançar seus objetivos ao longo de um período. Outro aspecto importante
abordado foi com relação ao fato de que o planejamento não deve ser usado como
um regulador das ações humanas e sim um norteador na busca da autonomia, na
tomada de decisões, nas resoluções de problemas e na escolhas dos caminhos a
serem percorridos partindo do senso comum até atingir as bases científicas.
Conhecer as principais etapas do planejamento
também foi de suma importância, pois através do conhecimento dessas etapas o
professor poderá descrever com maior clareza seus objetivos, a forma com que
irá aplicar o conteúdo, os conteúdos que serão ministrados e como fará o
diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do processo.
Com esta pesquisa foi possível perceber que o
plano de aula é realmente importante na prática pedagógica do professor como
organizador e norteador do seu trabalho. É o plano de aula que dá ao professor
a dimensão da importância de sua aula e os objetivos a que ela se destina, bem
como o tipo de cidadão que pretende formar. Por este motivo, pensar que a
experiência de anos de docência é suficiente para a realização de um bom
trabalho é um dos principais motivos que levam um professor a não obter sucesso
em suas aulas.
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